No início do mandato, Bolsonaro prometeu acabar com o cartão corporativo. Não acabou, é o presidente que mais gastou – R$ 38 milhões até agora – e ainda colocou o gasto sob sigilo de 100 anos
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz
Em um cenário de crise econômica e inflação em disparada, onde milhões de pessoas têm dificuldades até para comprar comida, o presidente Jair Bolsonaro (PL) usa o cartão corporativo para gastar milhões de reais por mês com ‘gastos pessoais’. No início do governo ele prometeu acabar com o cartão corporativo. Não acabou, é o presidente que mais gastou – R$ 38 milhões até agora – e ainda colocou os gastos sob sigilo de 100 anos. Até lá, ninguém pode saber onde ou com quê o presidente e sua família gastam tanto dinheiro.
Para detalhar a farra, está no ar uma campanha da Avaaz que pede o fim do sigilo sobre esses gastos exagerados. A petição Presidente Bolsonaro: tire o sigilo dos cartões! (clique aqui para acessar) cobra transparência e funciona também um protesto contra o uso sem controle de dinheiro da União, cujos cofres são abastecidos com dinheiro público por meio dos impostos que a população é obrigada a pagar até quando compra um quilo de arroz.
E a população que banca a farra está indignada. Prova disso é que cada vez que a o site com a petição é acessado, o número de brasileiros que estão exigindo transparência nas informações é maior. A meta é chegar a 1 milhão. Até o fim da manhã desta quarta-feira (25), um dia depois de ser postada, já eram mais de 50 mil adesões à campanha.
O texto de apresentação da petição reforça que os brasileiros e brasileiras exigem que o presidente retire o sigilo classificando como irresponsabilidade e abuso do dinheiro público. “O sigilo, que pode ser de até 100 anos, não é razoável, mas sim uma demonstração de desrespeito com o cargo que ocupa e para com os cidadãos. Não há mais espaço no Brasil para esse tipo de atitude”, diz a petição.
A farra
Na contramão do que prometeu em campanha – acabar com o cartão corporativo – Bolsonaro ‘elevou o status do cartão para mamata’. Somente nos três primeiros anos de gestão, gastou de R$ 29,6 milhões. O valor é, em média, 18,8% maior do que o que foi gasto por presidentes anteriores.
O maior valor gasto foi no ano passado, em dezembro de 2021 – cerca de R$ 1,5 milhão – quando o presidente passou férias com sua família em Santa Catarina.
No entanto, o maior valor em todo o seu mandato – até o fim do ano passado – foi registrado em fevereiro de 2020 quando foram gastos R$ 1,9 milhão, dinheiro que, conforme a regra de Bolsonaro, de sigilo, não se com o que foi gasto.
Somente neste ano, os gastos já chegam a R$ 8,8 milhões, de acordo com o Portal da Transparência e segundo um levantamento do deputado federal Elias Vaz (PSB-GO), entre 10 de abril e 5 de maio, mais de R$ 4,2 milhões saíram do tal cartão da presidência.
Os valores são divulgados no Portal da Transparência, porém o detalhamento, ou seja, no que exatamente ele gastou, é mantido em sigilo, sob a alegação de que uma divulgação “colocaria Bolsonaro em risco”.
Apesar de a transparência ser necessária até como registro documental sobre as mamatas, não é tão difícil saber onde está sendo investido esse dinheiro. Basta ver as viagens de turismo do presidente que ostenta aparições em praias pilotando jet skis em feriados como o do Carnaval.
Dias atrás
Nas redes sociais, a hashtag “Jair Gasta, Brasil Paga” chegou a ser um dos termos mais comentados no Twitter. Parlamentares também têm cobrado a transparência.
“Se o povo está passando fome, sem emprego, sem dignidade, sem condições no Brasil, é porque está pagando a MAMATA de Bolsonaro!”, tuitou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
O perfil oficial do PT destacou que, em média, Bolsonaro gasta R$ 32 mil reais por dia no cartão corporativo. “Enquanto Bolsonaro segue na mamata, o salário do povo não garante nem o mercado do mês…”, postou o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ).
A petição, hospedada no Avaaz é um importante instrumento de mobilização e protesto. A partir dela, há um reforço na pressão, neste caso ao poder público, para que a vontade e opinião da maioria da população seja ouvida. Segundo a própria organização do Avaaz, é habitual o envio de “centenas de e-mails e ligações” a parlamentares em casos como o desta petição.